PAISAGENS MULTIESPÉCIES NAS RUÍNAS DA MINERAÇÃO: ANALISANDO PRÁTICAS DE (RE)ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO EM MARIANA, MG, BRASIL

Nome: MARIA CLARA DE OLIVEIRA LEITE
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 13/02/2023
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ALEXANDRE REIS ROSA Orientador
LETICIA DIAS FANTINEL Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ARMINDO TEODÓSIO Examinador Externo
KATIA CYRLENE DE ARAUJO VASCONCELOS Examinador Interno
LETICIA DIAS FANTINEL Orientador
MARCUS VINÍCIUS PEINADO GOMES Examinador Externo
MARINA DANTAS DE FIGUEIREDO Examinador Externo

Resumo: As consequências das perturbações humanas em paisagens multiespécies permitem lançar luz sobre as práticas organizativas para manter a vida possível nos espaços onde essas perturbações se perpetuam. Nesta pesquisa qualitativa, questiona-se: Como, nas paisagens multiespécies perturbadas pela mineração de ferro, os espaços são (re)organizados? Busca-se analisar o organizar espacial, por meio de práticas organizativas mobilizadas por diferentes atores, nas paisagens multiespécies perturbadas pela indústria mineradora a partir do rompimento da barragem de Fundão, de propriedade da Samarco Mineração SA; Vale SA; e BHP Billiton do Brasil Ltda, ocorrido em novembro de 2015 em Mariana, Minas Gerais/Brasil. Uma onda de lama destruiu diversas comunidades na região. O desastre é considerado o maior do tipo registrado na história com base em um índice que considera o volume de rejeito lançado, a distância por ele percorrida e o número de mortes. Portanto, o contexto empírico que motivou o estudo é o colapso de barragens de rejeitos de mineração, especificamente o rompimento de Fundão. Esta tese dialoga e se alinha com estudos que discutem os espaços organizacionais a partir das práticas, buscando contribuir para o preenchimento de uma lacuna nos estudos organizacionais de abordagens centradas no humano que concebem espaços como entidades externas. Direcionamos a análise para uma perspectiva em que os espaços não existem independentemente de processos de espacialização. Compreendendo essas práticas a partir de uma abordagem multiespécies, os espaços são continuamente praticados por um emaranhado de relações mais do que humanas. Para a coleta de dados, foram realizadas observações não-participantes in loco e virtualmente. Além disso, conduziu-se entrevistas semiestruturadas com diferentes grupos: a) Atingidos e membros da comissão de atingidos; b) Membros da Assessoria Técnica; c) Membros do Estado; d) Membros das mineradoras envolvidas; e) Membros da mídia. Ao seguir a lama, criou-se a metáfora das três ondas de lama para apresentar os conceitos centrais que emergiram das categorias durante a análise. Descrevemos e analisamos três diferentes movimentos da lama: a) A primeira onda descreve as comunidades destruídas e as práticas ao longo do tempo no que denominamos de Espaços Antigos; b) A segunda onda inclui questões relacionadas às práticas no cotidiano de atingidos alocados no que definimos como Espaços Temporários; c) A terceira onda relaciona-se ao que denominamos de Novos Espaços, os reassentamentos para onde os atingidos se deslocarão. Inclui práticas relacionadas à reorganização da vida e da moradia na região. Utilizou-se a metáfora para sustentar o argumento de que os próprios processos de reparação e compensação causaram efeitos
destrutivos perpetuados através dos espaços. Esperamos destruição e ruínas em Espaços Antigos, mas apresentamos que a destruição atingiu não só tais espaços, mas também os Espaços Temporários e Novos, mostrando as ruínas de diferentes formas. Constatamos que a destruição se prolifera principalmente a partir de práticas de descaracterização, afastamento, silenciamento e camuflagem. Apontamos que o que conecta as práticas ao longo dos espaços analisados é que a gestão pós-desastre levou destruição a espaços onde ela não teria chegado pelo rompimento em si.

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