O USO DO CORPO SI NA ATIVIDADE PROFISSIONAL DE CABELEIREIROS: UM ESTUDO ERGOLÓGICO
Nome: DIVINO MANOEL TEIXEIRA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 21/09/2020
Orientador:
Nome | Papel |
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MÔNICA DE FÁTIMA BIANCO | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ADMARDO BONIFÁCIO GOMES JUNIOR | Examinador Externo |
ELOÍSIO MOULIN DE SOUZA | Examinador Interno |
MÔNICA DE FÁTIMA BIANCO | Orientador |
Resumo: O objetivo desta dissertação foi compreender, pela lente ergológica, as dramáticas do uso do corpo si no exercício da profissão de cabeleireiro e os saberes construídos na atividade de trabalho destes profissionais. Para alcançar o objetivo proposto, realizou-se uma discussão dos conceitos ergológicos no referencial teórico. No entanto, foi preciso abordar também o conceito de trabalho precário por exigência das descobertas da pesquisa envolvendo o trabalho de profissionais cabeleireiros. Além disso, fez-se uma breve discussão sobre a relação do homem com o corpo, a beleza e a estética e a importância do trabalho do cabeleireiro neste processo de transformação da beleza pessoal ao longo da história. A abordagem da pesquisa foi de natureza qualitativa descritiva e teve como instrumentos de produção de dados a observação direta, a entrevista com roteiro semiestruturado e a técnica de instrução ao sósia. Participaram da pesquisa 8 cabelereiros que atuavam em dois salões de beleza na cidade de Vitória-ES, denominados no trabalho como Salão Belezura e Salão Belo. Os dados produzidos, no período de 24 de outubro de 2019 a 29 de janeiro de 2020, foram analisados utilizando-se a técnica de análise de conteúdo, a partir das categorias temáticas pré-determinadas dramáticas, corpo si e suas duas subcategorias usos de si e renormalização e das categorias e subcategorias temáticas que emergiram da pesquisa: conflitos e dilemas; resultados inesperados: nem tudo é beleza; medo e insegurança; o lado precário da beleza; relações trabalhistas: nem empregado, nem patrão. Vivemos de comissão; as consequências da carga horária de trabalho; novos saberes e o domínio sobre o trabalho e os conhecimentos adquiridos na prática, totalizando 4 categorias e 8 subcategorias a partir de disparadores da teoria. Os resultados encontrados mostram que a profissão dos cabeleireiros se encaixa na definição de trabalho precário, tendo em vista que, dentre as dramáticas do uso do corpo si encontradas, destacam-se as longas jornadas de trabalho, a falta de garantias trabalhistas mínimas e nenhuma segurança em relação ao futuro. Quanto aos saberes produzidos na profissão, pode-se destacar a habilidade dos cabeleireiros em adaptar os protocolos de produtos em busca de melhores resultados em seus serviços. Por fim, a pesquisa questiona se o uso de si por si acontece na atividade de trabalho, incluindo aí a primeira e segunda antecipação (DURRIVE, 2016; DURRIVE, 2019; SCHWARTZ, 2013; SCHWARTZ, 2017) ou se
começa antes mesmo da atividade acontecer, emergindo aí a ideia de contra-atividade de trabalho que seria o uso de si por si fazendo com que a atividade de trabalho não seja realizada pelo trabalhador, algo que abre caminho para novos estudos ergológicos.