Práticas Organizativas na Produção do Desfile de uma Escola de Samba do Espírito Santo

Resumo: A indústria criativa envolve interesses de pesquisa que são interdisciplinares, sendo ainda um setor da economia que tem se destacado e se desenvolvido nas sociedades baseadas no conhecimento, além de ocupar posição importante em espaços de produção cultural e consumo (Jeffcutt, 2000). A criatividade é o negócio principal das indústrias criativas (Jeffcutt, 2000), abrangendo atividades como expressões culturais, artes, teatro, música, cinema, publicidade, design, dentre outras. Segundo Harley (2005), as indústrias criativas serão o direcionador das mudanças econômicas e sociais do próximo século.

A despeito do crescente interesse, há mais de uma década, de pesquisadores internacionais pelas indústrias criativas (Jeffcutt; Pick; Protherough, 2000; Jeffcutt; Pratt, 2002; Hartley 2005; Foord, 2008; Keane, 2008; Lorenzen; Andersen, 2011), no Brasil esse foco é incipiente e não foi devidamente explorado nos estudos organizacionais brasileiros, com algumas exceções (e.x. Bendassolli; Wood Jr; Kirschbaum; Cunha, 2009; Matta; Souza, 2009; Oguri; Chauvel; Suarez, 2009; Costa; Borges; Freitas, 2011; Bendassolli; Borges-Adrade, 2011).

De acordo com o estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, em 2011, as atividades que compõem a indústria criativa geraram um PIB equivalente a R$110 bilhões, ou seja, 2,7% do que é produzido no país, números que colocam o Brasil como um dos maiores produtores de criatividade do mundo (FIRJAN, 2011). No Espírito Santo, um ponto de partida para o conhecimento sobre esse setor foi a organização do “Cadernos de Economia Criativa” (Reis; Deheinzelin, 2007). No entanto, o objeto “escola de samba” ainda não foi tratado neste estado como uma organização que agrega várias atividades criativas.

Uma escola de samba é por excelência uma organização criativa. A maior parte das atividades realizadas na produção do desfile envolve criatividade, inovação e improviso. Sua cadeia produtiva abrange as indústrias audiovisual, fonográfica, editorial, entretenimento, além da participação de artistas plásticos, coreógrafos, compositores, músicos, dançarinos e uma série de outros profissionais criativos, muitos deles exercendo atividades informais. Assim, para a produção de um desfile, há a mobilização de um grande número de pessoas e profissionais das mais variadas áreas, desde artistas (carnavalesco e compositores) até marceneiros, ferreiros, costureiras e bordadeiras (Blass, 2007). Devido a sua extensa cadeia produtiva, uma escola de samba é atualmente uma fonte importante de emprego e renda em muitas cidades e seus desfiles se configuraram como um meio de arrecadação de verbas (Von Simson, 2007), principalmente pelo estímulo ao turismo.

Essas agremiações carnavalescas e o seu processo de produção de desfiles são objeto de interesse da sociologia e da antropologia desde final da década de 1960 e início da década de 1970. Apesar de serem organizações surgidas no Brasil, de significativo impacto cultural, econômico e social para o país, apenas alguns pesquisadores se propuseram a analisá-las a partir da lente da administração (e.x. Vergara, Moraes & Palmeira, 1997; Tureta, 2011a; Tureta 2011b; Tureta; Araújo 2013). Além de serem pouco conhecidas pela lente da administração, o que por si só seria um atrativo de pesquisa, as escolas de samba vivenciam há alguns anos a intensificação de investimentos em aspectos visuais do desfile, busca constante de inovação nas apresentações e crescente utilização de tecnologias. Cada vez mais segmentos da indústria criativa são incorporados na produção carnavalesca, com o intuito de tornarem os desfiles mais criativos e inovadores.

De particular interesse seria compreender a gestão da escola de samba no que diz respeito às atividades criativas que estão presentes na produção do desfile. O objeto de pesquisa proposto neste projeto, portanto, é uma escola de samba do grupo especial do Estado do Espírito Santo. Reunindo em uma mesma pesquisa o estudo de uma organização tipicamente brasileira, com o recente fenômeno da expansão das indústrias criativas, tem-se uma proposta que poderá contribuir tanto em termos teóricos quanto práticos na geração de conhecimento sobre esse setor.

Data de início: 01/05/2015
Prazo (meses): 24

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Coordenador CÉSAR AUGUSTO TURETA DE MORAIS
Acesso à informação
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