“Managerialism” na Gestão de Organizações Públicas e Sociais: uma análise de suas contribuições ao desempenho organizacional

Resumo: Este projeto de pesquisa propõe o estudo da gestão de organizações sociais e públicas contextualizada a partir de conceitos das teorias da complexidade, contrariamente ao defendido por visões funcionalistas sobre as organizações, as quais tem relacionado a adoção de práticas de gestão de cunho empresarial com qualidade, numa acepção limitada entre eficiência e eficácia que ignoram as especificidades organizacionais (McDANIEL, 2007; CORREIA, 2012; PASCUCI; MEYER Jr., 2013). Neste contexto, esta proposta de estudo assume que o fato de práticas de gestão empresariais adotadas – relacionadas a comando, controle e planejamento, nos termos de Morgan (1996) – serem menos eficazes do que o esperado se justifica não pela aplicação incorreta de seus princípios, mas sim, pela desconsideração da natureza complexa de organizações públicas e sociais (McDANIEL, 2007). Neste estudo, são compreendidas como práticas de gestão de cunho empresarial aquelas metodologias adotadas na gestão das organizações relacionadas a comando, controle e planejamento, nos termos de Morgan (1996). São exemplos destas práticas: planejamento estratégico, orçamento, controle de resultados, balanced scorecard, sistema de qualidade, plano de metas, plano de carreira, Programas de incentivo, entre outros a serem identificados nas organizações estudadas.
O termo managerialism refere-se a um fenômeno disseminado no mundo capitalista e largamente praticado por empresas de diferente natureza e áreas de atuação. Trata-se do desenvolvimento e adoção por parte das empresas, de abordagens de cunho gerencialista baseadas em princípios racionalistas, cujo objetivo maior é a maximização do controle e da eficiência (PARKER, 2002). Para Locke e Spender (2011, p. 3) a origem do managerialism remonta a fins do Século XIX e o início do Século XX com a gestão do “chão de fábrica” e a introdução da “administração cientifica de Frederic W. Taylor” centrada na eficiência, produtividade e no individualismo. Este fenômeno é apresentado por Parker (2002) como uma ideologia do management e que tem nos MBAs os seus principais disseminadores, opinião compartilhada por Mintzberg (2004) e Stacey (2010), os quais acrescentam, ainda, o trabalho das consultorias. Desde então, este fenômeno tem se manifestado por meio de um espírito orientador de práticas gerenciais, muitas vezes predatórias, que privilegiam mercados e negócios, a despeito de eventuais conseqüências e infortúnios. Managerialism, para Parker (2002), refere-se à aplicação de um conceito estreito de administração na forma de uma tecnologia generalizada de controle que cabe a tudo – desde cavalos, seres humanos, até organizações. Desta forma, tal prática seria uma solução única e universal aplicada a todos os tipos de organizações, independente de suas especificidades. Contrário a esta percepção, este autor apresenta uma crítica ao managerialism e à idolatria ao mercado a partir da consideração de três principais elementos: pessoas (quem são?), disciplina (administração ensinada e praticada nas Escolas de Administração) e práticas (o que fazem, como fazem e o que dizem que fazem), cuja preocupação representa o cerne deste projeto. Por detrás do conceito de managerialism repousa a crença de que há mais similaridades do que diferenças entre as organizações, o que facilita a otimização do desempenho organizacional por meio da aplicação de teorias e de práticas de gestão (QUIGGIN, 2003). Nesta perspectiva, a prática do managerialism considera que a administração é uma ciência e uma prática que podem ser transferidas a toda e qualquer organização (STACEY, 2010). Todavia, as organizações possuem especificidades as quais podem influenciar na aplicabilidade e efetividade dos resultados decorrentes de práticas, essencialmente, racionais. Estudos têm exaltado uma mecanicidade, uma racionalidade e uma previsibilidade que não se aplicam à maioria das organizações tradicionais e que se tornam impraticáveis, em se tratando de organizações com características complexas e pluralistas. Contrário ao modelo de organização denominado mecanicista (MINTZBERG, 1994) ou máquina newtoniana (McDANIEL, 2007), organizações complexas são percebidas como sistemas abertos em permanente interação com o ambiente, com predominância de características tais como a não linearidade, a auto-organização e a autonomia relativa dos agentes (CILLIERS, 1998; McDANIEL, 2007; STACEY, 1996).
O foco de estudo serão organizações localizadas em duas regiões: Curitiba, no Estado do Paraná e região Metropolitana de Vitória, localizada no Estado do Espírito Santo. A opção por aplicar a pesquisa em organizações publicas e sociais foi motivada pelo interesse em pesquisar as contribuições da adoção de práticas de gestão em organizações que apresentassem características mais próximas daquelas evidenciadas em organizações de natureza complexa, nos termos de Etzioni (1964). Outra característica que motivou a escolha de destas organizacões foi o fato delas terem sofrido nos últimos anos, no Brasil como em vários países ocidentais, um processo de inversão de imagem até então assistencialista para uma imagem de organização profissional. Nesse grupo de instituições, este estudo privilegiará, universidades, hospitais públicos e filantrópicos, secretarias de Governo Local e Estadual, bem como organizações sem fins lucrativos haja vista a regulamentação à qual tais organizações estão subordinadas e que torna um desafio conciliar missão institucional e sustentabilidade, tal como tem sido descrito em todos os países europeus.

Data de início: 01/04/2015
Prazo (meses): 45

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Coordenador LUCILAINE MARIA PASCUCI
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